Autora: Elizabete Possidente

Muitos pacientes, apesar de serem informados em consulta sobre o motivo dessa associação, é bastante comum que, depois, façam contato por terem visto a bula ou conversado com outro colega médico e questionem se há dependência de álcool. Por isso, resolvi escrever este post.

Essa associação de bupropiona de ação prolongada e naltrexona está aprovada no Brasil desde o final de 2021 pela Anvisa para o tratamento da obesidade. No entanto, parece que haverá apenas a comercialização dessas duas substâncias em um único medicamento para o tratamento da obesidade no Brasil.

Portanto, é essencial que conheçamos as principais características desta nova associação no tratamento da obesidade: A bupropiona, um inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina, age nos neurônios anorexígenos do núcleo arqueado, estimulando a secreção de POMC. Esta molécula é clivada, liberando alguns hormônios: o ACTH, o MSH, que aumentarão o efeito anorexígeno no hipotálamo, e a beta-endorfina que, por retroalimentação negativa, inibirá a secreção da POMC. O papel da naltrexona é exatamente bloquear a ação da beta-endorfina, impedindo a retroalimentação e potencializando, assim, o efeito estimulatório da bupropiona. O estudo Contrave Obesity Research avaliou indivíduos com e sem diabetes e demonstrou perda de peso significativamente maior no grupo dos indivíduos em uso da bupropiona/naltrexona do que no grupo placebo.

Embora a eficácia da associação bupropiona/naltrexona não seja comparável a outras medicações disponíveis, como os análogos de GLP1, ela vem somar ao limitado arsenal terapêutico que temos disponível para o tratamento da obesidade.

Publicado por Elizabete Possidente

Formou -se em Medicina em 1994. Foi médica residente do Instituto de Psiquiatria da UFRJ de 1995 a 1996. Defendeu Mestrado em 1997 a 1999 pelo Departamento de Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Durante muitos anos foi supervisora de Psiquiatria pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Foi médica perita em Psiquiatria no Manicômio Heitor Carrilho pela Vara de Execuções Penais da Secretaria Estadual de Justiça. Foi médica Psiquiatra e perita em Psiquiatria pelo Ministério da Defesa no Hospital Central do Exército e pela Auditoria Militar. Foi médica Psiquiatra e chefe do serviço de Saúde Mental da Policlínica Newton Alves Cardoso. Tem diversos artigos publicados em revistas médicas. Diversos trabalhos publicados em congressos nacionais e internacionais. Está sempre se atualizando e participando de eventos médicos nacionais e internacionais em Psiquiatria.

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