Autora: Elizabete Possidente
Muitos pacientes, apesar de serem informados em consulta sobre o motivo dessa associação, é bastante comum que, depois, façam contato por terem visto a bula ou conversado com outro colega médico e questionem se há dependência de álcool. Por isso, resolvi escrever este post.
Essa associação de bupropiona de ação prolongada e naltrexona está aprovada no Brasil desde o final de 2021 pela Anvisa para o tratamento da obesidade. No entanto, parece que haverá apenas a comercialização dessas duas substâncias em um único medicamento para o tratamento da obesidade no Brasil.
Portanto, é essencial que conheçamos as principais características desta nova associação no tratamento da obesidade: A bupropiona, um inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina, age nos neurônios anorexígenos do núcleo arqueado, estimulando a secreção de POMC. Esta molécula é clivada, liberando alguns hormônios: o ACTH, o MSH, que aumentarão o efeito anorexígeno no hipotálamo, e a beta-endorfina que, por retroalimentação negativa, inibirá a secreção da POMC. O papel da naltrexona é exatamente bloquear a ação da beta-endorfina, impedindo a retroalimentação e potencializando, assim, o efeito estimulatório da bupropiona. O estudo Contrave Obesity Research avaliou indivíduos com e sem diabetes e demonstrou perda de peso significativamente maior no grupo dos indivíduos em uso da bupropiona/naltrexona do que no grupo placebo.
Embora a eficácia da associação bupropiona/naltrexona não seja comparável a outras medicações disponíveis, como os análogos de GLP1, ela vem somar ao limitado arsenal terapêutico que temos disponível para o tratamento da obesidade.
