É comum pais chegarem ao consultório pedindo orientação sobre o comportamento dos seus filhos. Muitos chegam com a seguinte pergunta, “Doutora é birra ou ele tem problemas?”
Crianças podem ter birras ou pirraças. Esses comportamentos ocorrem quando querem algo e foram contrariadas. Acontecem sempre com os adultos que elas têm muita proximidade, geralmente os pais. Uma situação desse tipo seria quando querem um brinquedo e a mãe se recusa a comprar. Geralmente os pais conseguem negociar ou fazer alguns combinados diante da situação. Essas crianças em geral têm um melhor comportamento longe dos pais, por exemplo, na casa de amiguinhos.
O Transtorno Desafiador Opositor é um padrão persistente de comportamento, hostil, negativista, desafiador e desobediente diante de pessoas cuja relação é de autoridade. Esses sintomas persistem por pelo menos seis meses.
Essas crianças apresentam um comportamento sempre irritadiço, perdendo a paciência com muita facilidade. Respondem aos adultos, desafiam e infringem regras com adultos e pares. Implicam com as pessoas. Sempre tem a justificativa que o seu comportamento é decorrente da atitude do outro. Ficam com raiva e tem sentimentos de vingança. Não há negociação e sim o comportamento de confronto todo o tempo.
Esse transtorno provoca prejuízo escolar: não há participação de atividades em grupo, não pede ajuda a colegas nem a professores, insistem em não pedir ajuda mesmo com grande dificuldade. Há também prejuízo social, porque não consegue fazer amigos devido ao envolvimento constante em brigas (sem violência física); com isso, convivem com baixa auto-estima.
A causa desse transtorno ainda não foi definida. Sabe-se que existe um componente genético associado a desencadeadores ambientais. É mais comum aparecer em crianças que pelo menos um dos pais apresenta Transtorno de Humor, Transtorno Desafiador, TDAH e Transtorno de Personalidade Social. Aparece mais em famílias onde há um desajuste na disciplina, ora são extremamente rígidos, ora são flexíveis.
Pode ser encontrado entre 2% e 16% das crianças e adolescentes. Geralmente aparece na idade pré-escolar, antes dos oito anos. Se não tratados, algo próximo de 75% dos casos evoluem para Transtorno de Conduta já na adolescência.
O Tratamento consiste em orientação aos pais e professores, psicoterapia cognitiva comportamental e psicofármacos. O tratamento deve começar o mais cedo possível, por se tratar de uma patologia que causa um grande prejuízo escolar e social. Atinge indiretamente toda a família, pois constantemente essa criança provoca os adultos, causando grandes discórdias no seu convívio.