O Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é a quarta doença mental entre as mais comuns. Cerca de 1% das crianças em idade escolar sofrem de TOC. Dos adultos com TOC, cerca da metade teve início dos sintomas na Infância ou adolescência.
Quando ocorre em adultos, os pacientes sabem que seu comportamento é estranho e sem sentido. Tentam esconder. Sabem que racionalmente deveriam controlar o impulso ou o pensamento, mas não conseguem. Já na criança, pode não existir nenhum tipo de crítica. Podem perceber que tem um comportamento exagerado, mas sem a crítica. Muitas tem medo de serem repreendidas ou não entendidas pelos adultos e amigos; com isso, não contam o que consideram a sua “ brincadeirinha” pessoal.
O TOC se caracteriza pela presença de obsessões e/ou compulsões e que causam prejuízo funcional ou sofrimento para o indivíduo. Obsessões são pensamentos repetitivos que “penetram” na mente da pessoa sem a sua vontade, sem sentido ou de forma exagerada. Já as compulsões são comportamentos repetitivos, em geral para reduzir o desconforto ou para evitar que algo aconteça.
Um exemplo bem recente que ocorreu na minha sala de espera. O paciente, aguardando para o atendimento, ouviu uma música cuja cantora já tinha falecido. Ele tinha a crença de que ao ouvir alguém morto, precisava bater com as mãos cerradas na madeira para evitar que a pessoa mais próxima a ele morresse. Como a música não cessou, ele não suportou e precisou aguardar no corredor, mas batendo no portal da sala de espera, incessantemente.
Noventa e cinco por cento de todos os pacientes com TOC, quando chegam ao consultório, tem outro diagnóstico psiquiátrico associado, como depressão, ansiedade e Transtorno Bipolar. Os adultos chegam ao consultório trazendo o TOC como queixa principal. Relatam que sabem ser irracional, mas que não conseguem parar os pensamentos e impulsos.
As crianças chegam ao consultório muitas das vezes com outras queixas como principal, como depressão, dificuldade de aprendizado, isolamento social e falta de apetite. O médico deve investigar esses sintomas. Por exemplo, não come direito porque alguém tocou no prato, que ele acha que está contaminado ou sujo. Não consegue acompanhar a escola porque precisa ficar controlando o tamanho das letras quando escreve, ou precisa fazer contas mentais sempre quando a professora fala uma determinada palavra.
O tratamento vai depender da presença de comorbidade, mas sempre é necessário uso de medicamentos, psicoeducação e psicoterapia. Os medicamentos dependem da avalição do quadro, como uso de antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor.