Talvez pelo aumento da população de gêmeos (de 1% para 3% no Brasil), passei a receber no consultório muitas grávidas e mães de gêmeos com queixas de ansiedade e preocupação sobre como lidar com esse desafio.
É claro que ser pai de gêmeos é muito cansativo. Associado a isso existe uma adaptação do casal aos bebês, ao aumento dos gastos e a falta de tempo. Para atenuar essa fase de adaptação é importante tentar simplificar a rotina com os gêmeos (ou trigêmeos, quadrigêmeos etc.) para ter menos impacto na vida conjugal e reduzir a ansiedade dessa nova fase.
Muitas pacientes se queixam de que se perdem em quem tomou banho, arrotou ou trocou fralda, e isso gera insegurança e medo de fracassar como mãe. Sugiro criar tabelas, para saber quem mamou, tomou banho, trocou fralda etc. Para quem nunca teve filhos ou teve, mas não gêmeos, pode parecer bobagem essa ideia da tabela, mas para quem está cansada, muitas noites sem dormir e com vários bebês em casa, isso ajuda bastante.
Outra dica é tentar uma posição confortável para tentar amamentar os gêmeos ao mesmo tempo. Com isso, há reforço na produção de leite, e se cria uma rotina mais semelhante de dormida para os bebês. Deve-se tentar que os dois (ou três, ou quatro) durmam no mesmo horário, para que a mãe possa descansar junto. Se cada um mamar num horário, a mãe não fará outra coisa e não descansará.
É necessário também criar momento de interação dos pais com cada gêmeo separado e juntos, para aprofundar a ligação, à medida que forem crescendo. Isso ajuda na identificação de cada bebê como indivíduo, já que eles não se reconhecem como único, pois ficaram muito tempo juntos no útero.