Como qualquer outra classe de remédio se não forem bem indicados, podem trazer malefícios à saúde do indivíduo. Por exemplo, um anti hipertensivo se for prescrito para uma pessoa que não é hipertensa, vai levar a todos os malefícios de uma hipotensão.
Fico muito assustada com o uso indiscriminado de antidepressivos por psiquiatras e especialmente, por outros especialistas.
Todo dia recebo pacientes novos no consultório e, que na sua história já fizeram na maioria das vezes, uso de mais de um antidepressivo. Também na sua grande maioria prescrito por não psiquiatras e não neurologistas.
Ontem mesmo recebi um paciente de primeira vez que tem uma história de altos e baixos de humor acompanhado de irritabilidade que vem prejudicando o seu convívio familiar. Se trata de um adulto não sedentário e que vem também sofrendo estresse no trabalho. Apresentou um pico hipertensivo e, saiu com uma receita de anti hipertensivo e do antidepressivo fluoxetina. O mesmo paciente já tinha feito uso no passado de escitalopram prescrito por não especialista.
Vamos lá, se o psiquiatra que deve estar constantemente se atualizando com participação em congressos, cursos e artigos comete erros e tem dificuldades no diagnóstico e na prescrição do melhor fármaco, como pode ser visto na reportagem no link abaixo, imagine-se que existe um maior risco de erro por não especialistas. Assim como, a escolha do melhor anticoncepcional por um não ginecologista , por exemplo.
Nessa reportagem, psiquiatra prescreveu um antidepressivo para um jovem que talvez tenha o diagnóstico de Esquizofrenia, Esquizoafetivo, Transtorno de Personalidade ou Transtorno Bipolar, e que parece pelo julgamento do seu crime que o antidepressivo provocou um quadro de agressividade, falta de juízo crítico e, talvez, um delírio associado.
http://www.bbc.com/portuguese/geral-40751859?SThisFB
Como psiquiatra, fico cautelosa ao prescrever o antidepressivo para o paciente e na escolha do tipo de antidepressivo que melhor responderá ao quadro, fico cada vez mais assustada com a quantidade de antidepressivos prescritos pelos meus colegas médicos não especialistas.
O meu objetivo é alertar aos colegas para serem mais cautelosos. Assim, como provocar a atenção a todos que tomam antidepressivos a buscarem informações com o médico especialista. É claro, que o caso desse paciente agressor descrito na reportagem, é um caso muito severo e menos comum. Mas muitos antidepressivos levam a muitas interações medicamentosas, alteração do sono, aumento da irritabilidade, aumento da desinibição e que causam prejuízos no seu dia a dia, sem haver a percepção da mudança de quadro associado ao mau emprego do antidepressivo.