Cada vez mais sou acionada no consultório para avaliar adolescentes que não conseguem seguir limites e regras. A adolescência sempre foi uma fase difícil, compreendida entre a Infância e a vida adulta. É uma fase difícil de definir por se tratar de uma etapa onde os jovens não são mais crianças, aprendem muitas coisas da vida adulta e ainda são dependentes economicamente de seus pais. Não é a toa que essa etapa é conhecida como “aborrecência”, porque sempre foi conhecida pelo destaque da desobediência aos limites.É importante os pais saberem que tendo “aborrecentes” em casa é normal os filhos quererem infringir regras. Nessa fase é fundamental os pais manterem regras claras, e mostrarem as consequências de não segui-las. E no caso de aceitação e compreensão, esses jovens devem ser elogiados.

Os pais devem compreender as características normais dessa idade. São mais questionadores, mas sem faltar o respeito. Tem momentos de irritabilidade e de depressão, em que querem ficar mais isolados no seu quarto (desde que não seja todo o tempo). Chegam da rua, às vezes transtornados, porque se frustraram no colégio. Muitas vezes, não conseguem “chegar na menina” que gostariam, ou não são populares como gostariam. Nessa hora, não adianta discutir. Depois, no momento oportuno, tem que retomar uma conversa para saber qual a dificuldade enfrentada naquele dia, para poder orientar.Não perca oportunidades quando quiserem falar sobre as suas dificuldades. Escutem e não interrompam com lições de moral. Ouça, ouça e ouça. Depois faça as considerações necessárias. Não tenham medo de parecer “caretas”. Converse e deixe as regras claras. Seja objetivo e claro no que acha correto e ético.

Converse sobre sexualidade em casa, deixando claro que há diferença entre liberdade sexual e libertinagem. Converse sobre o que acha certo. Fale também o que é errado, dando exemplo de consequências. Apesar do adolescente parecer não ouvir e fingir que já sabe tudo, sempre converse esse tema para inserir os conceitos que você acha correto para a sua família. Fale também sobre o uso de álcool e drogas, sempre associando que não é um “mico” dizer não a essas ofertas. É importante saber beber, aí sim seria “mico”.

Seja coerente com as normas da casa e a idade. O adolescente de 13 anos não pode chegar em casa no mesmo horário do irmão de 19 anos. As regras tem que mudar com a conquista da responsabilidade e da idade cronológica. Não se pode começar liberando tudo para um adolescente que começou agora a sair de casa sozinho ou no início de um namoro. Tem que haver coerência nessas regras e acordos. Estimule positivamente cada conquista ou responsabilidade das suas vitórias escolares, esportivas ou sociais. Elogie cada sinal de responsabilidade que teve também fora da escola, como iniciativa em arrumar as suas coisas ou ajudar o irmão e pais nas tarefas domésticas. São essas atitudes que reforçam uma boa autoestima, que muitas vezes na adolescência está baixa, por não se achar tão atraente como gostaria de ser.

Nunca deixem que saiam de casa sem saber aonde vão e com quem estão. Mesmo que reclamem que os pais pegam no seu pé. Eles precisam saber que amor é querer cuidar do outro. Os pais também devem comentar em casa aonde vão e que horas aproximadamente retornarão.Lembre-se que ser autoritário não é ser agressivo. Converse e mostre que com a perda de confiança perdem-se alguns direitos conquistados pela idade. Reforce que é preciso ter mais maturidade para reconquistar o tal direito perdido.Sempre os pais devem estar seguros ao conversar ou colocar limites ao seu adolescente. Para isso, os pais devem ser responsáveis e éticos para servirem de exemplo aos adolescentes. Apesar dos adolescentes falarem que querem ser bem diferentes dos seus pais, eles se espelham nas atitudes dos pais.

Os pais não podem cobrar postura ética quando não demonstram essa mesma postura. Os filhos escutarem pais que contam vantagem por ganharem uma promoção no trabalho, porque conseguiram burlar um concorrente, ou que adoraram uma determinada saída porque beberam muito, ou ainda que conseguiram sair do estacionamento sem pagar, não servem como bons exemplos.

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