A farmacoterapia da depressão em grávidas sempre teve muita polêmica, pois sabemos que algumas drogas podem ser teratogênicas (provocam mal formação do bebê) e que muitos antidepressivos já são prescritos para as gestantes em depressão.
Isto porque já se comprova estatisticamente que gestantes deprimidas tem maior chance de complicações obstétricas, tais como ganho de peso, risco de diabetes gestacional, eclampsia, natimortos, prematuridade, crescimento prejudicado do bebê, malformações, deficit cognitivo e psicopatologias mentais nas crianças.
Foi publicado um estudo onde foi avaliado o neurodesenvolvimento de crianças expostas aos antidepressivos e de crianças expostas à depressão materna durante a gravidez. Esse estudo foi publicado na revista médica Am J Psychiatry em 2012 (169:1165 a 1174) e apresentado na 23ª Conferencia Anual da Organização de Especialistas em Informação de Teratologia e 34º Encontro Anual da Sociedade de Teratologia Neurocomportamental.
Os participantes do estudo foram selecionadas no programa de monitoramento de risco materno do Hospital for Sick Children de Toronto. Lá existe um banco de dados que registra todo aconselhamento de medicamentos usados durante a gestação, e todos os riscos de teratogenicidade de diversos medicamentos, inclusive de antidepressivos. Foram incluídas mulheres deprimidas diagnosticadas pelo psiquiatra, com uso de certos antidepressivos padronizados, e sem uso de antidepressivos.
Um psicometrista, sem conhecimento se a mãe usou ou não antidepressivo, acompanhou o desenvolvimento neuropsíquico dessas crianças, através de testes neuropsicológicos. Foram observadas as seguintes características:
- Não houve diferença no peso ao nascimento das crianças que foram expostas ao antidepressivo do grupo das crianças expostas á depressão.
- Não houve diferenças significativas nos testes de inteligência dessas crianças, sendo levado em consideração a inteligência da mãe.
- Não houve diferença significativa em alterações comportamentais nessas crianças.
De modo geral, não foi encontrado nenhum efeito do antidepressivo sobre o desfecho intelectual e comportamental das crianças.
Sabe-se que a depressão materna não tratada leva a um risco aumentado de depressão pós-parto e que a exposição fetal e na infância à depressão materna são preditores significativos de problemas do comportamento. Pode também aumentar o risco de desenvolver algum problema de saúde mental.
Recomendo a leitura no blog do artigo “Gravidez e Medicamentos Controlados” publicado em 8 de setembro de 2012.