A todo momento no meu consultório pais me procuram buscando ajuda para os seus filhos, especialmente adolescentes e adultos jovens. As queixas variam de notas baixas, falta de respeito aos pais ou autoridades, mentiras, manipulações, uso de maconha ou outras drogas, uso abusivo de álcool e “más companhias”.
Observe que o único ítem que coloquei entre aspas foram as tais “más companhias”. Isso porque não existe a garantia de quem realmente funciona como companhia de comportamento negativo, pode ser justamente o seu filho a má companhia.
Hoje resolvi escrever após ler a reportagem da revista Veja, “O outro brasileiro na fila da morte”, publicada na edição de 26/01 deste ano..
Na página 48, no meio dessa reportagem, selecionei algumas frases que poderiam ser ditas por qualquer um dos pais que buscam ajuda.
A primeira dita pela mãe do jovem traficante condenado a morte na Indonésia: ” O que ele queria, ele tinha, era só pedir”. Ouço sempre coisas do tipo, explícito ou um pouco mais disfarçada. Digo disfarçada como um castigo ou uma bronca.
Vou exemplificar com algumas situações do cotidiano da minha clínica e, que aconteceram nessas últimas semanas.
– Jovem que se alcooliza tanto que é atendida em coma alcoólico. A mãe é chamada, fica preocupada, briga mas compactua com o jovem e não conta ao pai.
– Adolescente que repete o ano letivo mas deseja muito ir com os amigos para a viagem/colônia de férias. Os pais dizem ele já sofreu tanto… já vai ser um castigo ele ver que os amigos não serão mais da sua sala, daí, permitem a viagem.
– Os pais que recebem uma advertência da escola numa sexta-feira. Acontece a bronca e ela perde o direito de sair, ir ao cinema na sexta. O jovem chora, ajuda em casa, estuda e consegue no sábado ir em uma festa junto com os amigos.
– Adolescente com um ano letivo com notas baixas, provas finais, respostas atravessadas o ano todo. Passa de ano, quase por um milagre. Parece que tudo é esquecido com o boletim “Aprovado”. Recebe parabéns de toda a família e todos os presentes que pediu de Natal.
Em todos essas situações fica o seguinte aprendizado para o jovem que o seu comportamento não foi tão ruim: pode avançar na sua carreira de só seguir as regras que quer. Muitos continuam querendo infringir mais regras. Não basta a dada pelos pais, pois, esses não dão os limites necessários, não ensinam o Basta. Esses continuam a buscar esse grande limite fora de casa. Começam a infringir regras da sociedade e da lei.
Voltando para a reportagem da Veja, a mãe do brasileiro traficante conta que aos 18 anos, mesmo depois de ser preso por porte de maconha, ele ganhou um carro. Usou o presente para viajar pela América Latina, para beber e se drogar. Conta ainda: “Achei que essa viagen faria bem, que ele ia espairecer, se livrar das más influências”. Novamente é premiado: fez algo errado, ganha carro e viagens.
Atenção pais para não cometerem esses erros. Podemos não chegar a um caso extremo como esse da revista, mas é certo: mal comportamento premiado resulta em problemas para a educação e caráter de seu filho.
Não posso deixar de repassar. Tenho visto muito esse exemplo e fico preocupada. Não posso fazer nada. Muito Bom para pais de adolescente.Parabéns Doutora Elizabete.
CurtirCurtir