Má Educação, celular e Ansiedade


Li na revista Veja, de 26 de janeiro, o artigo “Má educação e celular”. Walcyr Cardoso descreve as dificuldades das pessoas se afastarem do celular. Cita diversos exemplos, de pessoas durante o trabalho, namoro ou numa conversa, respondendo mensagens ou atendendo ligações. Considera isso uma falta de educação, que leva a um prejuízo na vida pessoal.

Concordo com ele, que a pessoa se desconcentra ao mudar a sua atenção para o celular. Aproveito também para acrescentar que o fator ansiedade contribui para isso.


Sou do tempo que não havia celular, os amigos e familiares aguardavam o horário que estivesse em casa para conversar ou combinar aquele churrasco no final de semana, ou a viagem das próximas férias. Só ligavam para alguém no trabalho quando havia uma emergência: quando alguém passou mal e está no hospital, por exemplo.


Devido a ansiedade, essas mesmas pessoas que antes aguardavam o momento apropriado, ligam insistentemente. Já vivi e presenciei muitos pacientes durante a consulta atenderem e falarem “estou no meio de uma consulta e não posso falar agora”. Pasmem, na maioria das vezes, a pessoa do outro lado da linha ainda faz o resumo do que quer falar. Isso em qualquer caso, emergência ou não.


Existe também os aplicativos de mensagens e chats, como o WhatsApp. Eu, em particular, adoro usar. Acho muito prático. O problema é que a maioria das pessoas usam sem moderação. Descrevem e contam tudo que fazem. Criam muitos grupos, do trabalho, da família, da academia, do futebol de sábado etc. Todos falam o tempo todo, assuntos que na maioria das vezes podem aguardar ou não importam. Fica difícil um jovem se concentrar nos estudos ou o adulto no trabalho. 

De novo vamos falar de ansiedade. O cidadão quer fazer o trabalho bem feito mas também quer acompanhar o grupo social e não ser o antipático. Fica nessa dicotomia o tempo todo. As pessoas não sabem aguardar pela resposta, na maioria das vezes não cogitam a possibilidade que o amigo não respondeu porque ele pode estar ocupado. 

Como já disse sou de um tempo sem celular, meus pacientes antes da era celular ligavam apenas em emergências. Hoje ligam até para pedir telefone de uma farmácia. Recebo por dia só no celular profissional cerca de centenas de mensagens, 99% sem importância. Se fosse ler todos no ato de chegada, precisaria desmarcar meus pacientes para poder responder às mensagens. 

Existem casos de mensagens enviadas que são importantes, mas são assuntos para se trabalhar em consulta. Todos acham que “não custa nada” responder questões desse tipo, mas na verdade esquecem que certos assuntos e diagnósticos devem ser trabalhados e seria leviano resumir em poucas linhas de um chat.

Como o jornalista e escritor Walcyr Carrasco descreve muito bem, existe uma associação entre má educação e celular. As pessoas devem lembrar que amanhã eles podem ser vítimas desse comportamento.

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2 comentários

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  1. Assim como o movimento contra canudinho foi muito assertivo, um movimento contra esssa urgência deveria aparecer. \” Deixe para amanhã o que pode ficar para amanhã \”.

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