O VI Congresso Mundial de TDAH foi realizado em Vancouver entre 20 e 23 de abril de 2017. Nele foram discutidos diversos temas relacionados ao TDAH na infância, adolescência e vida adulta.
O TDAH é um distúrbio neurobiológico diagnosticado através de uma entrevista clínica bem detalhada, associado a informações de familiares e escola (quando criança). É uma doença em que os sintomas começam na Infância e acompanham o paciente na vida adulta, com redução de uns ou mudança de outros.
O Congresso enfatizou a avaliação do TDAH na vida adulta. Esse adulto chegará no consultório médico com queixas explícitas da comorbidade, na maioria dos casos. Ele procurará o neuropsiquiatra por causa de sintomas compatíveis com o diagnóstico de bipolaridade, depressão, ansiedade, fobia social, abuso de álcool ou drogas, entre outros. O profissional deve estar capacitado para, na entrevista e consultas subsequentes, avaliar também o TDAH.
Muito se falou do TDAH como uma doença crônica que acompanhará o indivíduo por toda a sua vida adulta, influenciando a sua qualidade de vida. Também se discutiu sobre gravidez e TDAH, com adoção ou não de tratamento com psicoestimulantes.
Professores e pesquisadores de TDAH sempre referem que a primeira linha de tratamento da grávida deve ser através de medidas cognitivo–comportamentais, redução da carga de trabalho (quando possível), um bom suporte familiar e atividade física regular. Todas as gestantes devem seguir esse tratamento no início, e sendo mantida a estabilidade clínica, deve se interromper o uso do psicoestimulante. Caso se mantenha uma disfunção executiva acentuada, impulsividade, alterações de humor, desatenção, aumento do uso de álcool, drogas e nicotina, o especialista deve considerar o uso do medicamento.
Foi citado que no Canadá e Europa existem muitos acompanhamentos de grávidas em uso de psicoestimulante durante toda a gestação. Os dados encontrados apontam para haver nenhum prejuízo à mãe grávida e ao seu bebê. Foram encontrados alguns casos de parto prematuro, mas sem comprovação de que causado pelo uso do medicamento. A razão pode ter sido a evolução natural obstétrica, o próprio TDAH ou o uso de nicotina (desses, a maioria fumava durante toda ou parte da gravidez). Existem muitos dados de gestantes que tiveram o psicoestimulante suspenso e que tiveram complicações durante a gestação, em decorrência do aumento de peso acentuado, pela falta de controle na dieta, pelo aumento da ingesta de álcool ou drogas, piora do tabagismo, alterações de humor, desatenção com prejuízo no trabalho e estudos e menor adesão aos cuidados de pré-natal.
A discussão do tema foi importante pois nos leva à reflexão dos aspectos positivos e negativos que devem ser considerados diante de cada gestante com TDAH que chegam ao nosso consultório.