Autores: Elizabete Possidente e Giuliana Possidente
Na publicação “The pandemic generation” de 13 de janeiro de 2022 da revista científica Nature os pesquisadores mostram que os bebês nascidos durante a pandemia tendem a atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Dami Dumitriu, pesquisadora de neurodesenvolvimento Infantil e a equipe do NewYork–Presbyterian Morgan Stanley Children’s Hospital de Nova York pesquisam neurodesenvolvimento infantil desde final de 2017. Aproveitaram e descreveram o impacto do vírus SARS – CoV-2 nos recém-nascidos da pandemia.
Eles ficaram aliviados quando analisaram que os bebês expostos ao Covid – 19 não tinham defeitos congênitos, como provocados pelos efeitos da Zika e de outros vírus.
Os bebês foram incluídos no acompanhamento do neurodesenvolvimento que já vinha acontecendo por esse grupo desde 2017.
Depois resolveram dividir as informações em dois grupos, os nascidos antes da pandemia e os nascidos na pandemia para comparação.
Observaram que os bebês nascidos durante a pandemia tinham uma pontuação mais baixa que a média dos nascidos antes. Ocorria nos testes de motricidade grossa, motricidade fina e habilidades de comunicação.
Não encontraram nenhuma associação se os pais tinham ou não contraído Covid – 19.
Concluíram que estavam associados aos estresses, isolamento social e as incertezas provocados pela pandemia, tais como:
- Estresse da mãe durante o período gestacional, afetando o desenvolvimento do feto.
- Pouca interação com o bebê pelos pais pelo cansaço, ocasionando pouco estímulo cerebral.
- Pais envolvidos no trabalho doméstico ou em home office, não sobrando tempo para se envolver exclusivamente com o seu bebê.
- Pelo isolamento social imposto pelo momento, não havendo estímulo de interação com familiares, amigos, barulhos da rua e mudanças de ambiente que contribuem para o desenvolvimento neuromotor.
Muitos artigos de diversas equipes de pesquisadores no mundo também relatam que os bebês nascidos nos últimos dois anos estão com atraso no neurodesenvolvimento.
Não chega a ser um problema de saúde pública porque o cérebro dessas crianças dessa faixa etária ainda são muito plásticos e podem recuperar esse tempo de atraso. Os pais devem estar atentos para conversar mais, brincar e estimular maior interação com outros adultos e crianças para estimular o neurodesenvolvimento de seus filhos.
