Encefalopatia Hepática – Sintomas Neuropsiquiátricos de Doenças Hepáticas

Muitas vezes somos chamados para avaliar pacientes que estão confusos, desorientados, insones, esquecidos e irritados (sem história prévia de manifestação psiquiátrica). Quando se trata de um idoso pode ocorrer confusão com o quadro de demência. Mas na verdade podemos estar diante de uma encefalopatia hepática.
A encefalopatia hepática ocorre quando o fígado adoece e acarreta alteração no cérebro. Isso porque o fígado é responsável pelo metabolismo de diversas substâncias. Quando alterado deixa diversas substâncias tóxicas no organismo caírem na corrente sanguínea, atravessarem a BHE (barreira hamatoencefálica) e atingirem o cérebro. O paciente não percebe as alterações da encefalopatia hepática.
Essas alterações comportamentais dos pacientes são vistas pelos familiares ou cuidadores, que referem que eles às vezes agem de maneira estranha, ora deprimidos, ora irritados. Costumam trocar o dia pela noite, ou seja, dormem de dia e se agitam à noite. Podem também agir de forma bizarra, como urinar no sofá da sala, como se estivessem no banheiro.
No exame, observamos que esses pacientes têm flapping da mão. Quando se pede para estender o braço, notamos que ocorre movimento para cima e para baixo de forma denteada. Se não tratados adequadamente podem evoluir para delírios, agitação psicomotora e alucinações.
A encefalopatia hepática atinge de 50 a 70% dos cirróticos, sendo que a causa mais comum de cirrose atualmente é a hepatite viral crônica. As hepatites mais comuns no Brasil são A, B, C e E. Mas os tipos B e C tem uma probabilidade grande de cronificação. Quando referimos cronificação queremos dizer que o estado inflamatório contínuo altera o tecido funcional do fígado.
A OMS estima que cerca de 5 milhões de brasileiros são portadores de vírus B e C. È importante fazer o diagnóstico o mais cedo possível da encefalopatia hepática, para intervirmos na proteção desse fígado acometido. Na maioria das vezes iniciamos um psicofármaco para melhorar a alteração de comportamento enquanto não se restitui um pouco o funcionamento hepático.

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