Existem diversas definições para obesidade. Um dos conceitos conhecidos fala em obesidade como acúmulo excessivo de tecido adiposo, outro é baseado no índice de Massa Corporal (IMC): um IMC superior a 30 kg/m² já seria considerado obesidade. Também são considerados obesos indivíduos com mais de 20% acima do peso padrão especificado (levando em consideração altura, estrutura corporal e sexo) e que sentem incômodo relacionado ao excesso de peso (desde que não tenha outro distúrbio alimentar, como anorexia).
Essas diferentes formas de definir a obesidade são influenciadas por diversos fatores psicológicos, biológicos e sócio culturais. A nossa cultura ocidental atual incentiva o indivíduo a buscar a perda de peso, até mesmo por pessoas não seriam consideradas acima do peso.
Diversos fatores genéticos e físicos influenciam na obesidade, tais como pouca atividade física, padrão alimentar e preocupação estética excessiva. Problemas psicológicos e psíquicos também contribuem no surgimento da obesidade, assim como a obesidade também contribui para o desenvolvimento de diversos problemas emocionais e de doenças psiquiátricas.
Quando a pessoa acredita que a felicidade, a aceitação e o sucesso social são dependentes principalmente da aparência elas tendem a ter mais distúrbios psicológicos e psíquicos, que acabam contribuindo para o surgimento e manutenção de distúrbios alimentares. Aceitar o seu corpo, aceitar restrições, mudar hábitos contribuem para o tratamento desse quadro.
A obesidade pode ocasionar constrangimento social, não aceitação pelos pares, dificuldades físicas, entre outros problemas. Estudos confirmam que cerca de 50% dos obesos apresentam alguma morbidade psiquiátrica e cerca de 80% sofrem de depressão e ansiedade. Quando se estuda pacientes deprimidos observa-se que 53% são obesos. Também sabemos que a taxa de obesidade e de síndromes metabólicas são de duas a três vezes maior em pacientes que sofrem de algum distúrbio psíquico.
Outros fatores que contribuem para essa ligação obesidade e psiquiatria/psicologia:
– Mudança do padrão alimentar, por exemplo, ansiedade e depressão disfórica com aumento de apetite.
– Disfunção do sono (como insônia ou sono não reparador) que interfere na secreção de diversos hormônios.
– Mudança funcional cerebral por hiperatividade de regiões subcorticais e hipoatividade das corticais (essa alteração está presente na obesidade e nas doenças psiquiátricas).
– Hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal provocado pelo sistema inflamatório presentes tanto nas doenças psiquiátricas como na obesidade.
Os problemas na esfera psíquica são geralmente percebidos como consequências da obesidade, mas na maioria dos casos, ao serem criteriosamente avaliados por um profissional de saúde mental, nota-se que já estavam presentes antes da obesidade e que possivelmente contribuíram para o surgimento do problema. É importante ressaltar que a obesidade está associada a alterações psíquicas identificadas como consequências da condição de ganho de peso. Com isso em mente, mais os exames clínicos, é definido um tratamento multidisciplinar para esse paciente, levando em consideração medicamento, psicoterapia e dietoterapia.