Obesidade é uma doença inflamatória crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal. Está altamente associada a diversos distúrbios psiquiátricos, metabólicos, cardíacos, osteoarticulares e até a algumas doenças oncológicas. Isso já nos dá uma noção da complexidade na avaliação e na escolha do tratamento para o paciente com obesidade.

Alguns sinais são indicadores à obesidade, periféricos e centrais. Os sinais periféricos são relacionados ao sistema de adipócitos e endócrinos. Os principais são Leptina, Grelina, CPK, Insulina, Adeponectina, NPY e AGRP.

A principal função da Leptina é informar ao hipotálamo a quantidade de gordura presente nas células adiposas. Funciona como um sensor que envia informações ao cérebro, uma vez que está ligada ao controle do peso corporal e à saciedade. A deficiência desse hormônio pode ser um fator causador da obesidade. Quanto maior a quantidade de tecido adiposo maior será os níveis circulantes de Leptina.

Outro hormônio que tem associação à obesidade é a Grelina, que é secretada no estômago. A Grelina é o único hormônio no trato gastrointestinal com ações orexígenas. Ela provoca secreção do ácido gástrico e aumenta a motilidade intestinal. Tem sua produção aumentada em períodos prolongados de jejum, estimulando a liberação pelo hipotálamo de proteínas indutoras de fome. Em situações de períodos de jejum prolongado há maior liberação de Grelina para abrir o apetite. Outra função da Grelina é aumentar a proliferação e diferenciação de pré–adipócitos em adipócitos (células de gordura). A recomendação de se alimentar a cada 3 ou 4 horas em pacientes que desejam emagrecer é para evitar o aumento de secreção de Grelina, que leva a compulsão alimentar. Toda cirurgia bariátrica que retira o fundo do estômago reduz a produção de Grelina, contribuindo para a perda de peso. A Grelina também estimula o acúmulo lipídico e diminui a secreção de Insulina e a sensibilidade à Insulina, provocando elevação nos níveis de glicose.

A Colescitoquinina (CCK) é produzida pelas células duodenais após cerca de 20 minutos da ingesta de alimentos com gordura ou proteína. A CCK estimula a motilidade intestinal, a contração da vesícula biliar, secreção de enzimas pancreáticas e estimula os nervos vagais, que informam ao hipotálamo que a gordura e a proteína estão sendo processadas para reduzir a fome.

Existem outros hormônios que atuam na regulação de curta duração que aumenta a secreção de Insulina e da Grelina, ou seja, estimulam o apetite. Esses neurônios são inibidos pela Leptina e sua atividade também é modulada por hormônios gastrointestinais.

A Insulina é produzida pelo pâncreas e é responsável pelo controle da glicemia e metabolismo das gorduras. Para atuar no controle da glicose, a Insulina capta a glicose plasmática em excesso e reabastece o glicogênio muscular. Após o transbordamento do glicogênio no músculo, a glicose em excesso é enviada ao tecido adiposo. A Insulina aumenta a captação de glicose e a queda da glicemia, que estimula o aumento do apetite. Por isso pacientes com aumento de Insulina tendem à compulsão alimentar.

Os sinais centrais estão associados a neurotransmissores, especialmente Serotonina, Noradrenalina, Dopamina e Glutamato. Esses sinais serão abordados no próximo artigo.

Publicado por Elizabete Possidente

Formou -se em Medicina em 1994. Foi médica residente do Instituto de Psiquiatria da UFRJ de 1995 a 1996. Defendeu Mestrado em 1997 a 1999 pelo Departamento de Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Durante muitos anos foi supervisora de Psiquiatria pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Foi médica perita em Psiquiatria no Manicômio Heitor Carrilho pela Vara de Execuções Penais da Secretaria Estadual de Justiça. Foi médica Psiquiatra e perita em Psiquiatria pelo Ministério da Defesa no Hospital Central do Exército e pela Auditoria Militar. Foi médica Psiquiatra e chefe do serviço de Saúde Mental da Policlínica Newton Alves Cardoso. Tem diversos artigos publicados em revistas médicas. Diversos trabalhos publicados em congressos nacionais e internacionais. Está sempre se atualizando e participando de eventos médicos nacionais e internacionais em Psiquiatria.

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