Descrevemos os sinais periféricos indicadores de obesidade na parte 1 desse artigo, vamos agora aos sinais centrais.

Diversos hormônios periféricos estão associados à ação central.  Acredita-se que pacientes obesos têm aumento circulante de alguns hormônios, como leptina e insulina. Também teriam menor sensibilidade no hipocampo pelo processo inflamatório, provocando compulsão alimentar.

A vontade de comer e a saciedade são ocasionadas por áreas distintas do hipotálamo. O centro da fome está localizado na área lateral do hipotálamo e o da saciedade no núcleo ventromedial. O centro da fome está sempre ativado e pode ser inibido pelo centro da saciedade. O centro da saciedade é ativado quando o nível de glicose nas suas células for elevado. Quando o nível de glicose for baixo, as células são inibidas e o centro da fome passa a exercer a sua função. Abaixo alguns mecanismos conhecidos e importantes no tratamento da obesidade.

  • O cérebro reconhece o nível de reserva de energia do organismo pela leptina. A baixa dos níveis de leptina leva o cérebro a reconhecer que há redução de gordura. Com medo de não haver reserva de energia suficiente, aumenta o apetite para armazenar mais gordura.
  • A colescitoquinina (CKK) atua na sensação de plenitude. Uma alteração nesse hormônio contribui para manutenção da obesidade.
  • A serotoninadesempenha diversas funções no sistema nervoso, como liberação de hormônios, regulação do sono, temperatura corporal, apetite, humor, atividade motora e funções cognitivas. Alterações nos níveis de serotonina aumenta a vontade de comer doces e carboidratos.
  • A noradrenalina parece ter uma ação paradoxal na ingesta alimentar. Dependendo do tipo de receptor que é estimulado, pode reduzir ou aumentar a vontade de comer.
  • A dopaminaativada no núcleo accumbens está associada a aumento da vontade de comer.
  • O glutamatotem diversos receptores, nem todos ainda têm a ação conhecida, mas se sabe que no receptor NMDA atua na vontade de comer.

Diversos mecanismos estão envolvidos na obesidade, portanto manter o peso não é tão simples como se pensava antigamente, reforçando ainda mais que o tratamento da obesidade deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. 

Publicado por Elizabete Possidente

Formou -se em Medicina em 1994. Foi médica residente do Instituto de Psiquiatria da UFRJ de 1995 a 1996. Defendeu Mestrado em 1997 a 1999 pelo Departamento de Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Durante muitos anos foi supervisora de Psiquiatria pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Foi médica perita em Psiquiatria no Manicômio Heitor Carrilho pela Vara de Execuções Penais da Secretaria Estadual de Justiça. Foi médica Psiquiatra e perita em Psiquiatria pelo Ministério da Defesa no Hospital Central do Exército e pela Auditoria Militar. Foi médica Psiquiatra e chefe do serviço de Saúde Mental da Policlínica Newton Alves Cardoso. Tem diversos artigos publicados em revistas médicas. Diversos trabalhos publicados em congressos nacionais e internacionais. Está sempre se atualizando e participando de eventos médicos nacionais e internacionais em Psiquiatria.

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  1. Doutorinha Elizabete. A Senhora sempre postando coisas de extrema necessidade para todos. Uma pena que têm gente que passa batido, por não querer aproveitar ou conhecer matérias de interesse geral. Todo o tema que a Senhora coloca, eu faço questão de ler, pra conhecer alguma coisa mais e enriquecer os meus conhecimentos. Ler faz parte da educação de cada um e não têm nada haver com a nossa instrução. O mundo nos ensina, a Doutora nos contempla um um pouco mais, daquilo que aprendeu nas andanças mundo afora e nos entrega de bandeja, com a máxima dedicação
    uma matéria importantíssima. Valeu muito, grande Doutorinha…!!!

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