Ouvi de vários pais comentários de como aguardam ansiosamente a reabertura das escolas e o reingresso de seus filhos à rotina. Porém, antes do retorno às aulas presenciais, temos que observar comportamentos que recentemente apareceram, provocados pela Pandemia, que continuarão caso os responsáveis não atuarem.
Muitos pais enfrentam certa dificuldade em fazer com que seus filhos sigam as novas rotinas acadêmicas, como assistir aulas online, deveres de casa e estudos. Isso vem quase sempre acompanhado de uma crença, quase uma esperança, que como um passe de mágica, ao entrar pelo portão da escola, tudo será resolvido. Eu não teria tanta certeza disso. Os sintomas pouco valorizados de irritabilidade, mudança do padrão de sono, ansiedade, tiques, enurese noturna, depressão, TOC, medos, restrição alimentar e agressividade se mostram claramente e não vão desaparecer de uma hora para outra.
O uso exagerado de jogos eletrônicos, internet e televisão não desaparecerão apenas com o retorno às aulas presenciais. Os conflitos, brigas e agressões que podem ter acontecido durante a quarentena não se resolverão imediatamente quando a professora entrar pela porta da sala de aula.
Vamos a um exemplo prático sobre como a situação pode ter saído do controle. Filhos que não demonstraram compreensão com os pais em momentos que estão trabalhando de casa, não colaboram com cuidados básicos da casa, não demonstram empatia as dificuldades vividas pelos pais, tudo isso pode sinalizar que existem problemas que continuarão mesmo com “o retorno à normalidade” e precisam ser tratados.
Antes de pensar na abertura das escolas, seria muito importante alertar os pais sobre medidas que precisam ser tomadas para tratar alguns desses problemas que surgiram nesse período da pandemia. O prejuízo do aprendizado das aulas online, em sua maioria improvisadas (ninguém estava preparado para o que ocorreu) não será o maior problema, de alguma maneira as boas escolas irão se organizar e recuperar o terreno perdido ao longo dos períodos letivos. A real dificuldade será reconquistar esse aluno, revalorizar a importância dos estudos e dos deveres escolares.
Me preocupam os jovens que não receberam limites bem definidos em seus lares, que precisam que regras básicas sejam reforçadas. Esses jovens, diante de pais fragilizados pelo estresse, por seus temores e conflitos, podem não receber as orientações e fronteiras básicas do comportamento social. Se não respeitam os seus pais, não percebem neles um “Porto Seguro” essencial em suas vidas.
Durante três meses ficamos em quarentena dentro de casa sem sair pra absolutamente nada. Os meninos já não se interessavam pelos seus brinquedos e só queriam jogar videogame e ver tv. Comecei com os dois pequenos (de 6 e 4 anos) um processo de retirar aos poucos o acesso às telas e aumentar a quantidade de tempo fora de casa (andando de bicicleta e indo ao playground) e consegui um bom resultado. Mas não foi de uma hora pra outra! Houve muita negociação e resistência no princípio, pois estavam “viciados” em tela. Agora já voltaram ao “normal” e brincam com seus brinquedos e gostam de sair de casa!
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Karen você foi bastante consciente em se incomodar com esse excesso de jogos / TV e ao desinteresse em outras atividades dos seus meninos. Com isso pode reverter essa situação com bastante cautela para a melhor qualidade de vida dos seus filhos e família.
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