Depressão, bipolaridade e ansiedade estão entre as doenças psiquiátricas mais comuns no momento.
Atualmente já se sabe que a fisiopatológico da depressão não restringe a uma doença do cérebro e sim uma doença inflamatória multisistêmica. O estresse numa pessoa com propensão genética serve de gatilho para diversas alterações morfológicas, neuroquímicas, inflamatórias e hormonais no quadro depressivo e/ou ansioso.
Sempre é muito gratificante poder divulgar a importância do tratamento adequado de depressão e ansiedade para os meus pacientes e pessoas em geral, ainda mais após o convite para ministrar uma aula para diversos colegas médicos, nesse último mês.
Quando estamos de um paciente depressivo ou ansioso, estamos diante de uma pessoa que tem uma vulnerabilidade genética e que diante dos estressores da vida desenvolvem a patologia. Esses pacientes irão apresentar uma hiperativação da região cerebral chamada amigdala, além de uma hipoativação do hipocampo. Há redução de diversos neurotransmissores, como, serotonina, dopamina, noradrenalina e GABA.
Diversas alterações de neurocircuitos ocorrem e provocam a redução da produção de BDNF (fator neurotrófico do cérebro) nos neurônios. Com menor BDNF teremos um neurônio mais doente por não ser capaz de se adaptar a novas situações de estresse. Tem dificuldade em formar maior números de conexões para dar conta do novo evento. Além também de menor capacidade antioxidante ocorre nos neurônios. A menor presença de BDNF no sistema nervoso central faz com que tenhamos menor neurogênese, ou seja, menor produção de novos neurônios.
Também existe uma disfunção do eixo hipotálamo- hipófise- adrenal, que fez com que a Associação Americana de Cardiologista considerasse a depressão como fator de risco para desenvolver doenças cardiovasculares. Há liberação maior de CRF pela hipófise que ocasiona a maior produção de ACTH.
O ACTH na glândula supra renal estimula a liberação de cortisol. A elevação de cortisol provoca aumento das catecolaminas, aumento de insulina, aumento de glicose, aumento de colesterol, aumento de pressão arterial, aumento de agregação plaquetária, alteração de endotélio e liberação de proteínas inflamatórias, além de provocar uma ação cerebral que leva a atrofia e morte de neurônios. Por isso, a depressão é considerada uma doença inflamatória multisistêmica, não somente restrita ao cérebro.
É de extrema importância todos terem esse conhecimento e procurarem o tratamento adequado para evitar todas essas consequências no organismo. No meu cotidiano vejo a falta de conhecimento dos médicos que tendem a relacionar o aumento de pressão arterial ou a hiperinsulinemia, por exemplo, como causados pelo medicamento empregado na Psiquiatria, de uma forma generalizada e simplista. Isso leva muitas das vezes ao abandono da medicação e ao agravamento da doença.
O psiquiatra precisa deixar claro para o paciente a importância dessas informações e sempre que necessário solicitar que qualquer dúvida de algum outro médico que atenda o paciente deve ser trabalhada com o psiquiatra, deve haver um contato entre os profissionais. Só assim haverá um maior entendimento do quadro do paciente e uma melhor proposta terapêutica. Só o paciente sai ganhando com essa troca.

Concordo muito, se houvesse mais disponibilidade da classe médica em se interligar para melhor atender o paciente, todos sairiam ganhando!Me sinto muito mais segura sendo atendida por médicos que trabalham como uma equipe, como no caso da Dra. Elisabete.
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Não fico sem dar continuidade ao meu tratamento. A falta dos remédios me deixam depressiva. Com os medicamentos estou estabilizada me sentindo bem. Meu filho parou o tratamento já está sentindo o efeito da falta dos medicamentos.
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Sim. Precisa encarar como uma doença crônica e, que precisa do uso regular do medicamento para estabilidade e evitar recidivas.
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